Aà§à£o Socialista, Brasil
Uma luta que tem histà³ria
O Brasil à© um paàs que tem dimensàµes continentais com mais de 8 milhàµes de quilà´metros quadrados e a chamada regià£o amazà´nica corresponde há mais de 57% do territà³rio nacional.
Evidentemente, que um paàs com essas dimensàµes apresenta uma realidade rural muito diversificada, temos o setor extrativista (onde se incluem os seringueiros, os povos da floresta e outros setores), os assalariados rurais (permanentes e temporários), os pequenos proprietários rurais pobres e os sem-terra (setor composto por pequenos proprietários que perderam suas terras, assalariados rurais que nà£o tem onde trabalhar e desempregados urbanos de origem rural).
Exatamente pela diversidade da realidade rural e de nossas lutas e, por existir um isolamento mundial muito grande na divulgaà§à£o delas, à© que se faz necessário um breve histà³rico de nossas lutas e nossas formas de organizaà§à£o.
A luta dos seringueiros do Acre pela criaà§à£o das reservas extrativistas, tem inàcio ainda na dà©cada de 70. Foram anos de confronto entre aqueles que lutavam isolados pela preservaà§à£o de suas vidas e da floresta contra aqueles que queriam explorar outros trabalhadores e destruir a floresta, sua fauna e as culturas existentes dentro dela.
Essa luta demorou muitos anos para se tornar pública, era uma luta calada, cheia de dor, mortes e pequenas vità³rias, mas era uma luta contànua e que comeà§ou a dar seus frutos. Comeà§am a despontar seus primeiros dirigentes, entre os quais podemos citar Wilson Pinheiro, Chico Mendes e Osmarino Amancio Rodrigues.
Wilson Pinheiro, Chico Mendes e muitos outros foram assassinados pelas balas dos capangas contratados pelos fazendeiros, quando estavam sob a proteà§à£o da polàcia e com a conivàªncia do Estado e de seus governos. Sà³ no caso de Chico Mendes, graà§as a pressà£o nacional e internacional, foi dada apenas uma leve condenaà§à£o aos seus assassinos, que, inclusive, já se encontram novamente em liberdade.
Mas foram esses homens e mulheres, que com a marca de seu sangue, em 1975 conseguiram fundar o primeiro Sindicato de Trabalhadores Rurais onde os patràµes nà£o poderiam participar , um sindicato sà³ dos trabalhadores: o Sindicato dos trabalhadores Rurais de Brasilà©ia. A partir dele, germinaram outros como o de Xapurà, onde Chico Mendes foi Presidente.
Em 1976 foi realizada a primeira aà§à£o coletiva contra o latifúndio, contra os grandes fazendeiros e contra a polàtica do governo.
Foi uma batalha dura, que os fez compreender a importà¢ncia da aà§à£o coletiva, da fraternidade e da solidariedade, um combate contra o exà©rcito, contra a polàcia estadual, um enfrentamento que entrou para a histà³ria, foi quando pela primeira vez os trabalhadores saàram vitoriosos, na realizaà§à£o do primeiro empate. O empate à© uma forma de luta coletiva contra os desmatamentos, sà£o aà§àµes coletivas que visam “empatar”, ou seja, impedir a destruià§à£o da mata. Nestes enfrentamentos participam homens, mulheres, crianà§as. à‰ uma luta onde nà£o existe meio termo, ou se está de um lado ou se está do outro e a consciàªncia, a solidariedade e a confianà§a sà£o o que mais se precisa, sà£o a mais potente arma.
Em 1985 criou-se o Conselho Nacional dos Seringueiros voltado para desenvolver uma polàtica voltada para os povos da floresta. O Conselho dos Seringueiros e a Alianà§a dos Povos da Floresta, desenvolveram uma polàtica na qual a questà£o fundiária, a questà£o econà´mica e as questàµes polàticas e sociais caminhavam junto com a questà£o ambiental. Foram fundadas várias associaà§àµes, cooperativas, algumas escolas e iniciou-se um trabalho de saúde preventiva.
A defesa da floresta e a luta pelo socialismo
Estes movimentos tinham objetivo de fortalecer o movimento sindical, com um caráter de rompimento com o Estado e de lutar pelo socialismo. Um dos exemplos neste sentido à© o fato de os povos da floresta nà£o aceitarem nenhum documento de posse da terra, a luta à© para conseguir o direito de utilizar a terra que à© tirada das mà£os dos fazendeiros e demais empresas.
Estas terras sà£o organizadas na forma de “reservas extrativistas”, cuja propriedade à© federal (propriedade do governo federal), e o seu usufruto à© garantido à queles que nela vivem. Os povos da floresta se organizam para administrá-las e mantàª-las de acordo com sua cultura e origem. Os àndios as organizam de acordo com o seu modo de vida, os seringueiros e castanheiros o fazem atravà©s de associaà§àµes e cooperativas.
Desta forma, um princàpio básico da sociedade capitalista à© rompido: o da propriedade privada. Em seu lugar, à© colocada a propriedade social e a gestà£o coletiva, construàdas de baixo para cima, e a partir dos interesses e das culturas dos trabalhadores e dos povos da floresta. Esta posià§à£o era (e à©) correta, pois a floresta nà£o à© uma mercadoria a ser negociada, mas um bem a ser usufruàdo e preservado por todos que nela vivem.
Os seringueiros e os demais povos que vivem dentro da floresta, compreendem que esta discussà£o tem que ser levada a nàvel internacional, porque entendem que sua luta está diretamente ligada com a sobrevivàªncia da humanidade e, deste modo, tàªm consciàªncia de que sà³ atingirà£o totalmente os objetivos de seu projeto dentro de uma perspectiva socialista e internacionalista.
Esta luta se confronta com os interesses globais do capitalismo
Para compreender a luta de defesa da Amazà´nia, e dos povos que nela habitam, temos que ao mesmo tempo entender o plano de destruià§à£o orquestrado pelos grandes projetos de exploraà§à£o capitalista.
Os povos da floresta: os seringueiros, os àndios, os ribeirinhos, os castanheiros, etc., foram o sujeito principal de uma proposta de defesa da Amazà´nia. A proposta baseia-se no modo de vida tradicional deles, na extraà§à£o e coleta de diversos produtos, tais como: borracha, castanha do Pará, pesca, batata, aà§aà, à³leo, frutas, etc., mantendo uma relaà§à£o profunda com o ecossistema, extraindo da natureza somente o necessário para sua sobrevivàªncia básica. Deste modo, as polàticas desenvolvidas pelo Estado e seus governos geram um grande conflito com a proposta dos povos da floresta e sua organizaà§à£o social.
Na Amazà´nia ocidental, especialmente no Acre, os seringueiros realizam todos os anos, no verà£o (marà§o a setembro), um movimento de defesa da mata contra a devastaà§à£o. Sà£o os “empates”. Durante os “empates” os acampamentos das empresas sà£o desmontados, as moto-serras e instrumentos agràcolas apreendidos pelos trabalhadores e tambà©m à© feito um trabalho de discussà£o com os trabalhadores dessas fazendas para convencàª-los a abandonar o trabalho de destruià§à£o da floresta.
Apesar das estatàsticas serem imprecisas, à© provável que hoje existam mais de 1,5 milhàµes de pessoas na floresta amazà´nica que dependem de seus produtos para sobreviver, isso sem considerar as inúmeras famàlias que vivem nas cidades sustentadas pelo trabalho de alguns de seus membros que permanecem na mata, plantando e colhendo as riquezas que ela contà©m, obtendo alimentos secos da floresta como a castanha, fruta pà£o, pupunha, cupuaà§ú, aà§aà, patoá, cacau, etc., caà§ando sem afetar a reproduà§à£o dos animais, extraindo o látex das seringueiras respeitando a capacidade produtiva das árvores, plantando e pescando. Índios, castanheiros, seringueiros e demais trabalhadores florestais apontam para um estilo de vida que nà£o pode ser destruàdo, ao contrário tem que ser desenvolvido.
Sà£o mais de duas milhàµes de espà©cies de árvores diferentes, um número 10 vezes maior do que em florestas temperadas, sà£o 50 mil variedades de plantas, 2.500 espà©cies de peixes, mais de mil pássaros distintos e muito mais.
Para os povos da floresta, a gigantesca floresta amazà´nica nà£o à© algo brutal, assustador, mas, ao contrário, à© algo sensàvel e delicado, cujo solo pobre depende diretamente da cobertura vegetal dada por suas árvores, que ajudadas pelo clima, pela umidade e pelo calor do sol equatorial, và£o aproveitando e reaproveitando as folhas e ramas caàdas, mantendo um solo gordo de material orgà¢nico composto.
Por isso, e apesar de todos os problemas, mesmo com muitos companheiros sendo mortos nessa guerra, o movimento tem tido vità³rias importantes. O movimento conseguiu tirar das mà£os dos fazendeiros e dos madeireiros 3.052.527 hectares de florestas, isto sà³ na dà©cada de 80. Isto à© uma vità³ria direta de 9.174 famàlias na luta pela reforma agrária. Da dà©cada de 90 atà© 95 aumentamos essa área para aproximadamente 5 milhàµes de hectares. No entanto, ainda existem mais 90 milhàµes de hectares da Amazà´nia que sà£o dotadas de potencial extrativista, isto quer dizer que a guerra tem que continuar.
Esta luta e estas conquistas està£o em perigo. Precisamos organizar a aà§à£o e a solidariedade
Porà©m apesar de tudo isto, o que foi conquistado está correndo perigo.
De um lado, sob o ataque das polàticas governamentais, que visam a abertura de estradas (como a ligaà§à£o do Acre com o Peru), a construà§à£o de hidrelà©tricas, etc.; pela instalaà§à£o de madereiras asiáticas e europà©ias, que pretendem trazer para a Amazà´nia a devastaà§à£o que causaram na Indonà©sia e na Malásia; de outro a defesa e implantaà§à£o das chamadas polàticas de “desenvolvimento sustentado” da floresta, defendidas por várias ONG´s “ecolà³gicas” e mesmo por organizaà§àµes de trabalhadores (como à© caso da atual direà§à£o do Conselho Nacional dos Seringueiros) ou por partidos e organizaà§àµes polàticas de “esquerda” (como o prà³prio governo petista do Acre de Jorge Viana). Esta polàtica visa a exploraà§à£o capitalista da floresta e se contrapàµe ao interesse e à luta dos trabalhadores e dos povos da floresta.
Dos dirigentes histà³ricos dos seringueiros, Osmarino Amà¢ncio Rodrigues à© o único que continua fiel a luta iniciada por Wilson Pinheiro e Chico Mendes, assim como à s deliberaà§àµes do Congresso Fundacional do Conselho Nacional dos Seringueiros. Neste sentido continua dentro dos seringais trabalhando para recuperar o trabalho que foi desvirtuado e / ou abandonado. Nos últimos dois anos tem levado um árduo combate para reorganizar os seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes (Acre) para a retomada da luta e de suas entidades representativas. Osmarino Amà¢ncio, por isso, para garantir o sentido socialista desta luta, à© um dirigente marxista revolucionário, um dos dirigentes da Aà§à£o Socialista no Brasil.
Um dos resultados deste trabalho à© a reconquista da Associaà§à£o XV de Novembro e outro foi a intensa mobilizaà§à£o ocorrida por ocasià£o do julgamento de 16 seringueiros acusados do linchamento e morte de um latifundiário que terminou com a absolvià§à£o de todos os seringueiros. Para todo este trabalho foi muito importante o trabalho de solidariedade polàtica e financeira internacional desenvolvido a partir, sobretudo, de iniciativas do Socialismo Rivoluzionario da Itália.
E esta solidariedade à© mais do que nunca fundamental. Os ataques e ameaà§as a este trabalho continuam. Agora um dos companheiros que zelam pela integridade fàsica de Osmarino foi preso e está sendo brutalmente torturado pela polàcia do Acre, aquela mesma envolvida no escà¢ndalo dos esquadràµes da morte e do narcotráfico comandos pelo famigerado ex-deputado Hildebrando Paschoal.
Mas à© necessário ir mais longe, à© preciso retomar o trabalho de reorganizaà§à£o do movimento dos seringueiros e dos povos da floresta em toda a Amazà´nia, à© fundamental que os povos da florestas conquistem o restante das áreas extrativistas que reivindicam, dentro da perspectiva geral da luta pelo socialismo. E para isso, a solidariedade polàtica e financeira, nacional e internacional, de todos os povos e de todos os trabalhadores à© de importà¢ncia decisiva. Trava-se na Amazà´nia uma guerra que terá implicaà§àµes no futuro de todo o planeta e de toda a humanidade e o papel de Osmarino neste processo à© central.
Construir uma larga campanha, nacional e internacional, em defesa dos seringueiros, dos povos da floresta e de Osmarino Amà¢ncio à© parte da luta pelo futuro socialista de libertaà§à£o e felicidade da humanidade, à© comeà§ar a construà-lo já. Para a construà§à£o desta campanha, polàtica e financeira, propomos a constituià§à£o, em todas partes, de Comitàªs de Solidariedade, que a organizem e a coordenem.
Vamos nos organizar e participar desta luta que à© de todos nà³s!
Solidariedade ativa aos seringueiros e aos povos da Floresta Amazà´nica!
Solidariedade a Osmarino Amà¢ncio Rodrigues!
Aà§à£o Socialista
Brasil
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CEP 05599-970 / Sà£o Paulo / SP / Brasil
Para contribuir financeiramente utilize a seguinte conta bancária:
Banco do Brasil
Em nome de: Osmarino A. Rodrigues
Agàªncia: 0071-x
Conta Corrente: 404031-7
Rio Branco – Acre